Morais Cardoso



Saudade da amarelinha, mãe-da-rua

Esconde-esconde, bolinha de gude

E da corda de pular

Lá se foi infância minha

Que quase nem vi passar



Saudade da Antoninha

Da Fatinha, da Mariazinha e Nicanor

Mas a saudade mais dolorida e mais sofrida

É da minha irmã Leonor



Saudade, lâmpada acesa

No altar da recordação

Onde se unem alegria e tristeza

Rezando a mesma oração



Acostumamos com o dia a dia

Esta é a verdade nua e crua

Em breve com tristeza e alegria

Sentiremos saudade da Lua



Contemplei uma criança

E uma pessoa de idade

Vi na primeira, esperança

E na segunda, a saudade



Saudade é um velho bosque

É a flor que se abre na infância

Saudade da mocidade

No caminho da distância



Saudade são duas vidas

Que o tempo assim ensinou

Uma vida em outra vida

Que o tempo não apagou



Em outra etapa, eu sei

Que sentirei saudade da Terra

E tenho certeza que em outra vida

A saudade de braços abertos me espera



Oh Leonor querida,

Quero abraçar-te e não posso

Pela Terra desfalecida

Devem estar esparramados seus ossos.

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