Morais Cardoso



“O menino está estável, mas infelizmente não conseguimos salvar sua mão, ela teve eu ser amputada. Sinto muito.”

Os pais começaram a chorar imediatamente. “É tudo culpa minha!”- dizia o pai inconsolável – “Se não fosse pela minha estupidez de colocar aquele pedaço de pano no buraco que estava no chão, nada disso teria acontecido. Oh não, meu Deus!”

O médico então continuou: ”Apesar de tudo, a cirurgia foi considerada um sucesso. Não houve dano cerebral ou na coluna, mas o menino precisará de um acompanhamento com um fisioterapeuta durante alguns meses, por precaução e para ele se reabilitar completamente. Não se preocupe, tudo dará certo. Temos pessoas aqui altamente especializadas para dar a ele condições de uma vida normal.”

Valquíria apertou fortemente a mão de seu marido. Estava arrasada.

“Ele logo irá acordar. Assim que ele estiver apto nós chamaremos vocês para vê-lo” – terminou o médico, que se retirou.

Alguns minutos depois uma enfermeira chamou os pais de Pablo, que havia acordado a pouco. O menino não tinha ideia de que tinha perdido a mãozinha.

“Mamãe! Papai!” – gritou o menino emocionado ao ver os pais – “O que aconteceu? Por que estou aqui? Papai, você viu a bandeira que eu comprei pra você, gostou?”

Os pais de Pablo esforçaram-se para não começar a chorar.

“Tudo bem filhinho, não aconteceu nada... Não se preocupe. Eu amei a bandeira. Muito obrigado... Mas, e você, meu amor, está se sentindo melhor?” – disse o pai, emocionado

“Estou bem papai, mas o que aconteceu com minha mãozinha? Por que ela está enfaixada? Eu não estou sentindo minha mãozinha papai! Me ajude!” – disse o menino aterrorizado aos prantos

O pai e a mãe não aguentaram e começaram a chorar desesperados. Valquíria tocou no braço do menino, no local onde deveria estar a mãozinha e tentou controlar-se, dizendo que tudo ficaria bem. Já o pai simplesmente não conseguia dizer nada. Apenas chorava.

Era difícil dizer a uma criança de apenas cinco anos que ela nunca mais teria a mão de volta. Para os pais, era insuportável ter que conviver com essa ideia. CONTINUA.



Read More …


Gramado, Rio Grande do Sul. Ano de 1998.
Um casal, Ramon e Valquíria, esperavam ansiosamente pela chegada do primeiro filho, Pablo. O enxoval estava completo e a alegria daquele jovem casal contagiava a todos. Enfim, o menino nasceu e trouxe ainda mais alegria.
O tempo rápido e Pablo já havia completado cinco anos quando os fatos a seguir se sucederam.
Era dia dos pais e ele foi com sua mãe até uma loja no centro da cidade. O menino então comprou uma bandeira do Grêmio e saiu cantarolando de dentro da loja.
Sua mãe disse brincando com Pablo: “Que coisa feia filho, falando palavrão!” – brincou Valquíria, uma torcedora do Internacional. O menino sorriu.
O menino dizia: “Vou deixar papai contente, né mamãe?”, a mãe concordou com a cabeça.
Foram em direção a Ramon, que estava pregando um degrau solto de uma escada. Quando viu o filho, Ramon colocou o martelo em cima de um dos degraus da escava para saudá-lo.
O menino corre na direção de seu pai, alegre: “Papai! Papai!” Pablo correndo não vê um buraco que estava no chão, pois estava tampado com um pedaço de pano, ele pisa naquele buraco, se desiquilibra e cai em cima da escada que seu pai arrumava. Acidentalmente a escada vem abaixo e o martelo acerta a mão do menino, que cai desacordado no chão.
Os pais do menino se desesperam. A mãe pensa no pior e começa a chorar compulsivamente. Lembra-se do dia do nascimento do menino, de quando aprendeu a falar, a andar. Estava em choque.
Ramon liga imediatamente pedindo ajuda para seu filho, culpava-se a todo o momento e não podia acreditar o quão estúpido tinha sido ao deixar o martelo pesado em cima daquela escada que já estava frágil.
O resgate chegou e o menino foi levado ao hospital às pressas.
Valquíria foi junto com o menino e começou a rezar pedindo a Deus que tivesse piedade de seu filho naquele momento de dor.
Chegando ao hospital o médico que atendeu o menino disse que estava muito mal, era pequenino, frágil e havia fraturado vários ossos, havia um coágulo em sua cabeça pela forte pressão com que a escada havia caído e sua mãozinha estava roxa.
O médico então decidiu fazer uma cirurgia de emergência a fim de salvar a vida de Pablo. Os pais de Pablo esperam aflitos na sala de espera do hospital.
A cirurgia termina depois de cinco horas. O médico aparece para dar as notícias aos pais. Sua expressão não é muito boa, ele então começa a falar. CONTINUA.
Read More …

Leia a última parte da emocionante história de Isadora ouvindo a música abaixo para emocionar-se ainda mais.

 

“Querido Henrique,
Escrevo esta carta a você do fundo de meu coração e espero que você compreenda o que me levou a escrevê-la. Na realidade, hoje é dia 1º de fevereiro e em dez dias você fará doze anos. Como é grande a alegria em saber que logo você será um homem e, mesmo sem saber o que acontecerá até lá, já tenho muito orgulho de você e sei que no futuro terei ainda mais.
Espero entregar a você esta carta no seu aniversário de 18 anos, acredito que até lá você estará maduro o suficiente para talvez entender o que aqui está escrito. Resolvi compartilhar um pouco com você a minha história... Ou, a nossa história.
Nasci em uma família pobre, aqui mesmo no sertão do Piauí, o nome de meu pai é Jordão e da minha mãe Hortência. Ela sempre foi muito boazinha, de fala serena... Meu pai também era bom, mas sempre teve o gênio forte, era muito rigoroso. Eu gostava muito de estudar e esse era o orgulho dele, ele sempre achou que um dia eu seria uma doutora, ele falava isso com orgulho, mesmo com as pessoas sempre rindo dele por isso... Eu sempre gostei dessa ideia, queria mesmo ser médica naquele tempo. E mesmo com nossas diferenças, éramos extremamente unidos.
Aos 14 anos, me apaixonei por um rapaz, também da minha idade, chamado André. Eu escondi isso do meu pai, pois sabia que ele desaprovaria. Passado um tempo, me entreguei a ele, por amor. Algumas semanas depois, percebi que meu corpo estava estranho, algo de diferente estava acontecendo comigo. Percebi que poderia estar grávida.
Tive muito medo. Contei primeiro para André, mas ao contrário do que eu imaginava, ele me abandonou, dizendo que eu não era moça de respeito. Duvidou até mesmo se essa criança era mesmo filho dele. Foi uma grande decepção.
Esperei o tempo que pude para contar aos meus pais, minha mãe até desconfiava... Um dia então, chamei-os e contei a verdade. Mesmo com tanta rigidez, eu tinha certeza que ao menos meus pais me apoiariam, mas, não foi isso que aconteceu. Fui expulsa de casa. Aguentei humilhações e os vizinhos zombaram muito, principalmente de meu pai, disseram a ela que a tal “doutora” tinha aprontado um filho... Me chamaram de todos os nomes terríveis imaginados... Estava arrasada.
Meu pai me expulsou brutamente de casa, peguei uma muda de roupas e parti. Já estava quase no oitavo mês de gestação.
Andei muito pelas estradas de terra, por várias horas, até que comecei a sentir fortes dores, dores realmente insuportáveis, estava em trabalho de parto. Estava escuro, tive muito medo. Mas eu sabia, não estava sozinha, sei que Nossa Senhora estava ao meu lado, sei que ela me ajudou nesse parto tão difícil. A criança então nasceu, um lindo menino.
Caminhei pela estrada, segurando aquele pequeno bebê em meus braços, e avistei uma linda casa, senti naquela hora que aquele era o lugar ideal para criar uma criança, confiei em Nossa Senhora e coloquei ali o bebê. Uma senhora então o pegou, senti uma dor em meu coração e comecei a chorar.
Caminhei sozinha, perdida, passei fome e frio, até que encontrei um restaurante na estrada. Implorei por comida, não me deram. Até que um bondoso padre me ajudou. Ele me deu abrigo e comida. Ajudei na paróquia, cuidando de crianças abandonadas e resolvi partir, pois sabia que aquele não era meu lugar. O padre me deu esta linda imagem de Nossa Senhora quando eu parti, essa mesma imagem que você sempre me pede e que sempre rezamos juntos.
Voltei para a estrada, mas não me sentia abandonada como pela última vez. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Ao retornar para a mesma casa onde havia deixado o meu bebê, encontro, para minha surpresa, uma placa que dizia: ”Precisa-se de empregada e babá”, beijei Nossa Senhora e fui até lá imediatamente. Era a chance de estar com meu bebê novamente.
Este bebê, Henrique, é você. Eu sou sua verdadeira mãe... Sinto muito pela forma como te contei... Não espero que você compreenda, mas saiba que fiz de coração, sei que você jamais teria as oportunidades que teve e terá se não fosse por essa difícil escolha. Me desculpe, Henrique...
Nunca contei este segredo a ninguém, nem mesmo a Aracy.
Sempre fiz e faço tudo por você, Henrique. Agradeço a Deus e a Nossa Senhora todos os dias por essa oportunidade maravilhosa de estar com você todos os dias de minha vida.
Não sei se estarei ao sempre do seu lado fisicamente, mas saiba que, espiritualmente, estarei sempre do seu lado. Jamais irei te abandonar, mesmo com os infortúnios do destino.
Henrique, desejo-lhe tudo do melhor. Independente do que vier a se tornar no futuro, faça tudo com amor. Não se preocupe se alguém algum dia lhe disser algo que lhe desagrade, lembre-se, construa seu castelo com as pedras que encontrar em seu caminho. Não desanime nunca.
Estou muito feliz, Henrique, pois o vi crescer e tornar essa linda criança que hoje vejo e sei que se tornará uma pessoa maravilhosa. Com a minha ajuda e de Aracy sei que se tornará uma grande pessoa.
Acredite sempre em você e saiba que eu estarei sempre ao seu lado. Eu te amo muito e te amarei eternamente.
Espero estar ao seu lado para poder te abraçar muito quando lhe entregar esta carta, caso eu não esteja por algum infortúnio do destino, basta olhar ao seu lado que estarei mesmo assim.
Fiz um fundo falso na imagem de Nossa Senhora para guardar essa carta até o dia de seu aniversário de 18 anos, quando, sei que de alguma forma, você a receberá.


Estarei sempre ao seu lado.

Com amor,
Isadora”

Henrique desmanchou-se em prantos.

--------------

Henrique formou-se em medicina com honras no ano de 1993. Aracy o acompanhou em sua formatura e veio a falecer de morte natural quatro anos depois. Ela nunca soube a verdade sobre Isadora.
Henrique voltou a sua cidade natal depois de formado e dedica-se desde então a cuidar das crianças mais pobres de sua região, principalmente filhos de mães adolescentes. Ele também atende no mesmo hospital em que sua mãe, Isadora, veio a falecer, anos antes.
Ele procurou por seus avós maternos durante anos, sem muito sucesso. Anos depois, no hospital em que ainda trabalha atendeu um casal de idosos: seu Jordão e dona Hortência.


FIM.


Read More …


O velório foi extremamente triste. Aracy tentou contatar a família de Isadora, mas sem sucesso.
Todos estavam lá, inclusive o padre que havia ajudado a jovem há mais de dez anos.
“Triste fim, mas tenho certeza de que ela cumpriu o propósito divino. Vá em paz.” – disse o padre.
O menino chorava muito, sentia que havia perdido uma parte de si. Em seus sonhos, ele sempre aparecia como um herói naquela estrada de terra e salvava a jovem do atropelamento. Eles então saíam felizes. Aracy tentava consolá-lo, em vão.
No momento do enterro, o pobre menino passou mal e precisou ser amparado para voltar para casa. O menino que achava que era sua culpa ela ter morrido, pois ela havia ido à mercearia para comprar algumas coisas para seu almoço. Se não fosse por isso, ela não teria morrido, pensava ele. Foi um momento muito triste.
A semana se passou e o menino passou seu aniversário em branco, os aniversários seguintes também não foram comemorados.
O menino todos os dias rezava à Nossa Senhora e guardava a imagem com muito zelo em cima de seu armário para que estivesse sempre olhando por ele. Todos os dias lembra-se de Isadora e como ela fora importante a ele.
Henrique cresceu e tornou-se um adolescente muito inteligente. Queria ser médico para poder ajudar as pessoas, cuidar de sua mãe Aracy e poder fazer pelas pessoas aquilo talvez não fizeram por Isadora, que também considerava uma mãe.
Sempre tinha as melhoras notas na escola e, aconselhado por alguns professores e por dona Aracy, resolveu no fim de seu último ano de segundo grau ir à São Paulo fazer algumas provas para uma universidade pública. Era sua primeira viagem sozinho e rezou muito à Nossa Senhora para tudo dar certo, pois havia estudado muito. Além disso, sabia que Isadora ficaria orgulhosa. O resultado daquela prova sairia em fevereiro, no mesmo dia em que a jovem havia falecido e as aulas começariam um pouco depois de seu aniversário de 18 anos. Parecia uma brincadeira do destino.
No dia em que saíram os resultados, Henrique ficou sabendo através de um amigo que tinha em São Paulo que ele havia sido aprovado. Estudaria medicina em uma das melhores universidades do país! Aracy chorou muito e disse ao rapaz que sabia que Isadora estaria olhando para ele orgulhosa.
O jovem Henrique agradeceu muito a Nossa Senhora e a Isadora, pois sabia que ela estava olhando por ele, de onde quer que estivesse.
Chorou muito, coincidentemente no aniversário de morte de 6 anos de Isadora. “Ela ficaria orgulhosa”, pensou o rapaz.
Agora Henrique sabia que começaria uma nova vida, em pouco menos de uma semana precisaria arrumar suas coisas e se mudar para São Paulo, Aracy inclusive o ajudou a arrumar um bom lugar para o rapaz morar, perto da universidade, através de um grande amigo de tempos passados, que morava em São Paulo. Ela mal podia se conter de tanto orgulho e alegria.
Alguns dias se passaram e Henrique já estava com quase tudo pronto. Partiria para São Paulo naquele mesmo dia, precisava estar ao aeroporto de Teresina às 14h00. O avião partiria às 15h00 pontualmente e o táxi estaria na porta de sua casa às 11h00.
Mal conseguia conteve-se de tanta alegria. Lembrou-se então de que precisaria levar aquela imagem junto com ele, para sempre rezar e também lembrar-se de Isadora, que fora tão importante em sua vida.
A imagem estava em cima de seu armário, assim como esteve por todo esse tempo. Pegou um banco para conseguir pegar a imagem que estava no alto, mas desequilibrou-se e a imagem caiu no chão, quebrando-se em vários pedaços.
Henrique, desesperado, ajoelhou-se e começou a chorar. De repente percebeu um pedaço de papel dobrado caído no meio dos cacos da imagem e, enxugando as lágrimas, pegou o papel, desdobrou-o e começou a ler. CONTINUA.
Read More …


“Durante a cirurgia ela teve uma parada cardíaca, tentamos tudo ao nosso alcance, mas não foi possível salvá-la. Ela não resistiu aos ferimentos. Sinto muito.” – disse o médico de cabeça baixa.
Aracy não se conformou, ela estava mesmo morta. O pobre menino não acreditou no que ouvia. Há menos de uma semana para seu aniversário de 12 anos, como algo tão terrível pudera acontecer? Não havia uma explicação plausível para aquele momento. Havia apenas dor e sofrimento.
Isadora era considerada uma filha por dona Aracy e o menino Henrique a considerava uma mãe, uma segunda mãe.
Aracy sentiu-se péssima e logo pensou: ”Por que eu não a levei em um hospital melhor? Por que isso foi acontecer? Por quê?”. Sentia-se traída pelo destino, mas sabia que mesmo devastada precisava fazer um velório digno para uma mulher tão batalhadora como Isadora. Ela merecia o melhor.
Henrique chegou devastado, seus olhinhos brilhavam, estava apavorado, queria gritar, dizer ao mundo como estava se sentindo péssimo, passou a odiar seu aniversário, passou a odiar tudo ao seu redor. Sua vida não fazia mais sentido, estava perdido. Queria Isadora de volta. Considerava-a como uma mãe, esteve presente em todos os momentos de sua vida e seria para sempre lembrada. Era difícil aceitar que alguém tão amada pudesse partir assim, sem ao menos dizer adeus.
Henrique foi então até o quarto no qual a jovem dormia, olhou à Nossa Senhora e começou a rezar, pedindo para tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim e que ele logo acordasse com um suave beijo de Isadora em seu rosto. Pegou então Nossa Senhora nos braços e chorando, deitou-se na cama dela, sentindo seu suave cheiro e adormeceu.
Os vizinhos, ao saberem do acorrido foram todos à casa de dona Aracy, oferecendo-lhe de tudo, mas aquilo que aquela senhora mais desejava jamais teria de volta: Isadora. Se ao menos pudesse abraçá-la pela última vez e dizer o quanto a amava... Mas não podia.
Aracy então chamou um dos vizinhos para olhar Henrique enquanto ia preparar os papéis para o funeral. Enfim, com muita frieza resolveu tudo, o velório seria no dia seguinte pela manhã e o enterro às estava marcado para 15h00. Desejava que tudo fosse breve para sofrer o menos possível e para poupar o pequeno Henrique de tanta dor.
Assim que chegou em casa, agradeceu o vizinho e foi olhar Henrique, que ainda dormia com a imagem de Nossa Senhora nos braços. Lembrou-se do que havia prometido à Isadora semanas atrás, a imagem agora era do menino.
Assim que o menino acordou, completamente abatido, Aracy fez-lhe um leite quente e contou ao menino sobre a imagem: “Ela agora é sua, sempre que estiver com essa imagem, saiba, Isadora estará com você.” – disse Aracy e se abraçaram, começaram então a chorar.
No dia seguinte, tudo seria ainda mais triste. CONTINUA.
Read More …


Aracy começava a se preocupar, há mais de 40 minutos Isadora havia saído para ir à mercearia e ainda não havia chegado. Aliás, o menino em menos de uma hora precisava ir à escola e não podia se atrasar.
“A mercearia não deve estar tão cheia assim e ela fica a menos de 10 minutos! Será que aconteceu alguma coisa? Ah, deixe disso! É claro que não aconteceu nada... Ela deve ter esquecido alguma sacola e voltou para buscá-la.” – pensa Aracy.
O menino sai do banho e pergunta sobre Isadora, Aracy diz que logo ela chega.
A campainha toca e Aracy pensa: ”Nossa, será que ela perdeu a chave?”. Ela vai atender a porta e se assusta quando vê uma viatura de polícia e um policial na sua frente.
“Senhora Aracy?” – pergunta o policial.
“Sim, ela mesma. Aconteceu alguma coisa?” – indaga aquela senhora.
“A senhora conhece alguma Isadora? Este endereço estava dentro da carteira da jovem junto com o nome da senhora para chamar em caso de emergência.” – diz o policial.
“Oh meu Deus! Ela é minha empregada e babá, uma filha para mim. Ajuda-me em tudo. Agora, me diga senhor policial... O que aconteceu?” – pergunta Aracy trêmula.
“Infelizmente ela foi atropelada há pouco menos de 30 minutos, passávamos pela estrada quando vimos seu corpo caído, ela estava desacordada. O motorista fugiu, mas já começamos as buscas. Ela foi levada ao hospital no centro da cidade, está em estado gravíssimo... Aqui, este é o endereço. Qualquer coisa que precisar, estamos a sua disposição. Sinto muito” – diz o policial e logo se retira.
Aracy mal podia acreditar no que ouvia. Isso não poderia estar acontecendo, pensava. Ela chama o menino e pega suas coisas para ir ao hospital, diz ao menino que Isadora está muito mal, mas não entra em detalhes. O menino começa imediatamente a chorar.
Por um momento, Aracy se lembra do que conversaram semanas atrás:
“Sabe Aracy, a senhora sabe que eu gosto muito, mas muito mesmo do Henrique, considero ele como um filho para mim... Se algum dia algo acontecer comigo, por favor, dê a ele a imagem de Nossa Senhora que guardo com tanto zelo. Ele sempre me pede, mas ele é novo ainda e quando chegar a idade certa eu darei a imagem a ele. Mas, lembre-se, se algo de ruim vier a acontecer comigo, não hesite! Dê ao menino a imagem, por favor”.
“Ah, deixe disso Isadora! Você é jovem e tenho certeza, viverá muito mais que essa velha aqui!” – diz Aracy gargalhando.
“Parecia que ela estava pressentindo que algo ruim iria acontecer... Não, não. Isadora ainda viverá muito! Tenho certeza disso.” – pensa Aracy convicta.
Em pouco tempo chegam ao hospital, pois, por sorte uma condução passava por ali naquele momento. Aracy pergunta à enfermeira onde estava Isadora e a enfermeira disse que em pouco tempo começaria a cirurgia de emergência, ela estava realmente muito mal. Ao ouvir isso, o menino se desespera e começa a rezar à Nossa Senhora: “Isso não pode acontecer no meu aniversário...” – diz o menino. Aracy o abraça e ambos começam a chorar.
Depois de algumas horas e de muito consolar o pobre menino, o médico aparece para dar a notícia. Todos estavam esperançosos de que a cirurgia havia sido um grande sucesso. Os olhos do menino brilhavam de esperança. O médico, então, começa a falar. CONTINUA.

--------------------------

Para ler as outras partes dessa emocionante história, clique abaixo:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Read More …




Caminhando sem destino, mal conseguia suportar o turbilhão de pensamentos que invadia sua mente, estava cansada. Carregando Nossa Senhora nos braços, ela sabia que nada acontecia por acaso.
Ela resolveu aproximar-se novamente da casa na qual havia abandonado seu filho, semanas atrás. Para sua surpresa avistou a placa: “Precisa-se de empregada e babá”. Ela, segurando firme a imagem de Nossa Senhora, mal acreditava no que lia. Era a oportunidade para estar com seu filho.
Ela toca a campainha e a mesma mulher que há poucas semanas segurava seu filho nos braços atende a porta.
“Estou muito interessada na vaga de empregada e babá” – diz Isadora, esforçando-se para não se emocionar.
A mulher, de aparência serena, pede uma referência e ela fala do padre. Ao confirmar-se a referência, Isadora é imediatamente contratada.
Isadora mal podia acreditar na peça que o destino lhe pregava: estava novamente com seu filho. Agradecia por isso todos os dias.
Em poucas semanas Isadora foi considerada uma filha por aquela mulher, dona Aracy.
Dona Aracy era uma bela mulher de 61 anos e vivia sozinha naquela grande casa há muitos anos, não teve filhos e tampouco se casou. Era a única herdeira de uma importante família do sertão.
A rotina naquela casa era um pouco exaustiva, mas Aracy sempre ajudava no que podia. Para Isadora era uma benção estar tão perto do filho.
Dona Aracy sempre precisava sair da cidade para cuidar dos negócios que a família a deixou, portanto Isadora aproveitava ao máximo esses momentos a sós com seu filho chamado Henrique – nome que Aracy escolheu para homenagear seu falecido pai, Henrique de Cascais.
Isadora presenciou importantes momentos ao lado de seu pequeno, como quando ele aprendeu a falar e quando ensaiava seus primeiros passos.
A jovem também logo ensinou o menino a ler e a escrever, ele era muito precoce.  Sempre rezavam juntos à Nossa Senhora para agradecerem por tudo. O menino sempre pedia a imagem de presente, mas Isadora sempre dizia que na idade certa ele a teria.
Certo dia, percebendo a grande afeição que Isadora tinha pelo menino, Aracy resolveu lhe perguntar sobre sua família: “Isadora, vejo que você cuida tão bem do Henriquinho, que às vezes parece até que é mãe dele. Conte-me um pouco sobre sua família... Tem filhos?”. Isadora assustou-se com a pergunta, mas respondeu com muita naturalidade: “Não tenho filhos... Saí de casa em busca de um emprego que não fosse na roça, para ajudar mais minha família... Com o tempo perdi contato com eles, mas encontrei um grande aliado, o padre que lhe deu minhas referências.”. Aracy, então, disse: “Sabe, Isadora, nesses três anos que você está aqui comigo, deve sempre se perguntar sobre a mãe do Henriquinho...  Afinal, eu sou uma velha de 64 anos e Henrique mal completou três! Acho que já adquiri confiança suficiente para lhe contar esse pequeno segredo que guardo há três anos... O Henrique não é meu filho, neto, ou seja lá o que você pensava... Certo dia, mais precisamente dia 11 de fevereiro de 1970, eu estava aqui em casa, sossegada, quando a campainha tocou... Fui atender e um lindo menino, acredito que recém-nascido estava ali, na minha frente... Pareceu que um anjo do céu havia visto toda a minha solidão e colocado esse anjinho no meu caminho, o Henrique. Coloquei o nome de Henrique em homenagem a meu falecido pai. Sempre comemoro seu aniversário dia 11, pois foi o dia em que o encontrei, ou melhor, ele me encontrou com uma ajudinha do destino... Nunca contei a verdade a qualquer um que fosse. Finalmente, essa família terá um herdeiro. Espero que não conte nada a ninguém...”. Isadora consentiu e pensou: “Mal sabe ela a verdade...”
Os anos se passaram e Henrique crescia saudável como qualquer outra criança, sempre sob os olhos cuidadosos e atenciosos de Isadora e Aracy.
Estudava em uma boa escola em outra cidade e tinha sempre o melhor a sua disposição. Era amado e querido por todos. Isadora sabia que ela jamais teria condição de fazer tudo isso pelo filho, portanto jamais se arrependeu pelo que fez.
O ano era de 1982, faltava pouco menos de uma semana para o aniversário de 12 anos de Henrique e as aulas já haviam começado há dois dias. Henrique estava saltitante tanto pelo aniversário como pelos amigos que iria rever.  O menino estudava à tarde e Isadora era sempre responsável por seu almoço.
Isadora foi à mercearia próxima da casa em que morava. Na volta, ela caminhava apressada, precisava chegar a tempo para fazer o almoço do menino, inclusive o suco de laranja que ele tanto gostava, antes dele ir à escola. Estava muito feliz, pois em uma semana Henrique já faria doze anos.
“Como esse tempo passa rápido! Meu menino logo será um homem!”- pensava distraída, já fazendo planos para a festa. Nunca esteve tão feliz. Com a pressa somada à distração, deixou cair uma das sacolas que segurava e laranjas rolaram pela estrada.
Não pensou duas vezes e correu para pegá-las. Mas, o destino não lhe deu trégua, ao correr pela estrada para pegar as frutas – que por um descuido caíram no chão – um carro em alta velocidade apontava na curva no mesmo momento. O freio não foi suficiente e Isadora foi violentamente atropelada, caindo desacordada naquela estrada de terra. CONTINUA...

Read More …


O frio, a fome e a língua dos vizinhos a apedrejaram. A calúnia estava sempre presente: "Viu só, ficou grávida e foi expulsa de casa! Mereceu! Quem mandou aprontar?". Muitas vezes em nossa vida, a nossa desgraça serve de diversão para os outros.
De repente, ela cai e ali no meio do caminho, a criança nasce.
“E agora, meu Deus, o que eu faço?”, ela, mancando pela estrada, avista uma linda casa e decide colocar seu filho recém-nascido no portão daquela bela residência.
Ao colocar o bebê no chão, ela toca a campainha e se esconde atrás de uma árvore ali perto. Uma mulher sai e vai em direção ao portão, abre um sorriso e pega aquela criança. Isadora sabia que não deveria ter feito isso, mas ao mesmo tempo, em seu coração, sentia que seu filho finalmente encontrava-se protegido.
Isadora, aparentando-se frágil e desolada, caminha muito sob o forte Sol do sertão piauiense.
Avista um restaurante e anda até lá. Ela, então, pede um prato de comida e, outra vez, humilhada, sente-se desprezada. Começa a chorar desesperadamente.
Mas, por um milagre, um padre – que se encontrava almoçando dentro daquele estabelecimento – ao ver a jovem, emociona-se e pergunta a ela: “Por que chora tanto, moça?”
“Estou com muita fome e me negaram um pouco de comida” – diz aos soluços
“Essa moça vai almoçar comigo, por favor, pegue mais uma cadeira e me dê um prato caprichado!” – diz o padre a um dos funcionários do restaurante.
No almoço conversaram muito, no entanto, Isadora temeu dizer ao padre sobre seu filho. Naquele momento, o padre era seu único amigo e ela não queria perdê-lo assim como havia perdido seu filho e sua família.
Ela dissera ao padre que era uma retirante e que estava sofrendo muito e não encontrava  lugar para passar a noite. O padre, comovendo-se novamente resolve dar-lhe um abrigo em sua paróquia, pois precisava de alguém para cuidar dos pequenos abandonados.
Depois de algumas semanas, sentindo-se incomodada com a situação, ela resolve partir. O padre deu a ela uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e disse: “Se essa é a sua vontade, minha filha, que Deus te acompanhe!”. Ela agradece ao padre por tudo e vai embora. CONTINUA


Veja também a parte 1 desta emocionante história, clicando aqui.
Read More …


Ano de 1969. Em uma pequena cidade do interior do Piauí, havia uma família muito unida: seu Jordão, dona Hortência e a filha, Isadora. Tudo ia caminhando muito bem para aquela família.
Isadora era destaque na humilde escola que frequentava, jovem inteligente e muito educada. O seu pai era um homem muito rígido em relação a isso.
Aos 14 anos, a moça começou a namorar André escondido, pois seus pais jamais aceitariam o fato de ela ser tão jovem e já ter um namorado.
Algum tempo depois, a mãe de Isadora notou que seu comportamento estava estranho e resolveu conversar com a jovem, ela, no entanto, recuou. Logo após esse fato não havia mais como esconder e Isadora revolveu chamar seus pais.
Muito abatida, começou a falar: "Eu namorei um aluno de minha classe... o André" - seu pai aparentava estar enfurecido, mas conteve-se, Isadora continuou: "Ele dizia que me amava, me entreguei a ele... Mas quando disse que estava grávida, ele me abandonou... Escondi o filho até agora de vergonha, mas não estou me sentindo bem, não queria dar a vocês esse desgosto. Me perdoem"
Mas, seu Jordão, enfurecido, respondeu: "Não existe perdão para uma traição como essa! Fora daqui!" - ele tentou bater na jovem, mas dona Hortência o impediu.
Isadora, estarrecida, rogou à mãe: "Mamãe! Me ajude!", "Sinto muito, minha filha." - consentiu a mãe da pobre jovem.
Isadora, humilhada e derrotada, mesmo prestes a dar a luz, saiu caminhando de cabeça baixa e a passos lentos pela estrada de terra. Estava sendo traída pelo destino, pela sua família e pelo homem que tanto amou... CONTINUA.

Para continuar a ler esta emocionante história clique aqui.



Read More …


Luz é raio de esperança,
Sombra é a ilusão perdida
Errado é aquele que diz
Que jamais errou na vida

Esperança é coisa vaga
Uma luz que se resume
Essa luz que acende e apaga
É um simples vagalume

É mais um ano que quase se vai
Logo, outro ano
Estará chegando
Tenho esperança
De encontrar meu pai
No outro plano que vem se aproximando

Esperança de um dia melhor
Nós precisamos ter
Mesmo estando na pior
Não deixe a esperança morrer

Feliz quem tem esperança
Acredita que vai vencer
Pois viver sem  esperança
É morrer sem perceber.
Read More …



Saudade da amarelinha, mãe-da-rua

Esconde-esconde, bolinha de gude

E da corda de pular

Lá se foi infância minha

Que quase nem vi passar



Saudade da Antoninha

Da Fatinha, da Mariazinha e Nicanor

Mas a saudade mais dolorida e mais sofrida

É da minha irmã Leonor



Saudade, lâmpada acesa

No altar da recordação

Onde se unem alegria e tristeza

Rezando a mesma oração



Acostumamos com o dia a dia

Esta é a verdade nua e crua

Em breve com tristeza e alegria

Sentiremos saudade da Lua



Contemplei uma criança

E uma pessoa de idade

Vi na primeira, esperança

E na segunda, a saudade



Saudade é um velho bosque

É a flor que se abre na infância

Saudade da mocidade

No caminho da distância



Saudade são duas vidas

Que o tempo assim ensinou

Uma vida em outra vida

Que o tempo não apagou



Em outra etapa, eu sei

Que sentirei saudade da Terra

E tenho certeza que em outra vida

A saudade de braços abertos me espera



Oh Leonor querida,

Quero abraçar-te e não posso

Pela Terra desfalecida

Devem estar esparramados seus ossos.

Read More …


Solidão é um rio calmo
Sem pedras e sem correnteza
Solidão é igual o salmo
O evangelho da tristeza

Solidão não é você estar sozinho no seu quarto
É estar em uma multidão de gente
E ninguém te dar atenção
É a dor do desprezo
Que entristece o coração

De que adianta estar numa multidão de gente
Se aquela pessoa que você quer que esteja presente
Ali não está e nunca estará
Oh, quanta dor!
Como você faz falta Leonor

Ninguém nasce sozinho
Esta palavra é certeira
Solidão com o carinho
Teve a mãe e a parteira.
Read More …


Este fato aconteceu em uma pequena cidade no interior de Goiás.
Em uma humilde casinha, moravam Marcinho, de apenas 8 anos e sua mãe, Iracema.
Todos os dias Marcunho dizia: "Mamãe, ontem eu conversei com papai ali perto da bica d'água."
A mãe dele, então, dizia: "Mas como, meu filho? Seu pai faleceu há quatro anos!"
Seu pai, Ernesto,  havia falecido em um campo de futebol, ele estava apitando uma partida de futebol amador entre dois dos times mais populares da cidade. A grama estava esorregadia, caía um leve sereno, quando de repende Ernesto cai no chão. Havia sofrido um ataque cardíaco fulminante e morrera no local.
Marcinho sempre dizia: "Mamãe, mamãe, papai falou que o lugar onde ele está é mais bonito que aqui..."
No começo, Iracema acreditou que fosse apenas um trauma ou apenas dificuldade para aceitar a perda do pai, mas com o tempo ela ficou preocupada e decidiu procurar ajuda. Ela levou Marcinho para Goiânia e foi a procura de um psicólogo que pudesse ajudar seu filho a passar por esse momento tão difícil.
Após muito procurar pelo centro da cidade encontra uma casa com os seguintes dizeres: "Dr. Milton Cordinari - Psicólogo". Resolver entrar tentar marcar uma consulta para o filho. O psicólogo então os atende, parecia até mesmo que estava esperando por eles.
Ela conta a ele sobre os problemas do filho e o homem, de olhar severo, calmo, diz olhando para o menino: "Não se preocupe. Reze por ele, sempre que alguém que já se foi aparece para um ser vivo, sem dúvida, precisa de reza, peça para rezar uma missa a seu pai e verás."
Iracema sai confusa do consultório pois essa não era a resposta que ela esperava de um psicólogo, mas, de qualquer forma conforta-se.
Foram, então, a um ponto de táxi perto do consultório e o taxista, muito comunicativo começa a conversar com dona Iracema. 
Dona Iracema diz que veio trazer seu filho a um psicólogo e encontrou Dr. Milton Cordinari, que era bem perto do ponto de táxi. Ao ouvir isso, o taxita desaba a chorar.
Ele diz: "Isso é impossível! Dr. Milton Cordinari era meu irmão! Faleceu há dois anos... Foi assaltado e mesmo sem reagir e levou 2 tiros no peito..."
Iracema, assustada, diz: "Mas, como? Acabamos de sair de lá!"
Iracema pede para o taxista retorne ao local. Ao chegarem naquele mesmo lugar notaram uma foto na porta do consultório e os dizerem :"Descanse em paz".
Mãe e filho resolveram ir ao cemitério após esse ocorrido e acender uma vela.
Todo mês, Iracema e Marcinho mandam celebrar uma missa para Ernesto e Dr. Milton. Marcinho nunca mais falou com os mortos.
Read More …

Total de visualizações de página